Betaterapia

A Betaterapia é um tratamento que utiliza a radiação ionizante para a prevenção da formação de queloides e das cicatrizes hipertróﬁcas.

O queloide é uma cicatriz benigna elevada resultante de uma ferida prévia, seja ela provocada por acne, machucados, queimaduras ou cirurgias prévias. O paciente pode apresentar nodulações, alto relevo e irregularidades na cicatriz, o que pode provocar, além do dano estético, desconforto, irritação e coceira. Quando ocorre em uma cicatriz cirúrgica e respeita o formato da mesma, dá-se o nome de cicatriz hipertrófica.

Devido às altas taxas de recidiva dos queloides/ cicatrizes hipertróficas após ressecção cirúrgica isolada (considerando-se a predisposição genética do indivíduo à formação de queloides), uma das abordagens mais eficazes dessas condições envolve a remoção cirúrgica deste tecido cicatricial excessivo, seguida Betaterapia. A Betaterapia deve ser iniciada preferencialmente em até 48 horas após a cirurgia de ressecção do queloide.

O racional da Betaterapia é que a radiação diminui a hipermigração de células de cicatrização, os fibroblastos, para a região da cicatriz operatória, minimizando, assim, o risco de crescimento excessivo de tecido cicatricial. A betaterapia pós-operatória reduz o risco da formação de quelóides em 80 a 90%.

A técnica consiste em uma terapia de contato entre uma placa metálica radioativa (Estrôncio-90) e a ferida operatória. A placa possui cerca de 2cm de comprimento e permanece alguns segundos em contato com cada região da cicatriz, de acordo com o cálculo realizado pelo físico médico. Assim, o processo é repetido, a cada 2cm, até que toda a extensão da cicatriz seja tratada. O tratamento é rápido, indolor, podendo, por exemplo, ser realizado em dez sessões (10 dias úteis consecutivos), conforme a prescrição do médico radio-oncologista. A penetração da radiação Beta é superficial, restringindo-se a alguns milímetros de pele, não havendo, assim, risco de danificar órgãos internos.

Como efeito colateral do tratamento, existe o risco de discromia da cicatriz, mais frequentemente um escurecimento da mesma (hipercromia), o que pode ser manejado com uso de tratamentos clareadores caso não haja remissão espontânea satisfatória após seis meses da Betaterapia.